Passado o carnaval, que tal olharmos um pouco para a história do samba, que também é parte da identidade nacional brasileira? Dada a importância e singularidade de seu ritmo, em 2007, o Iphan finalizou o pedido de proteção do Samba do Rio de Janeiro e suas matrizes, como um bem cultural imaterial feito pelo Instituto Cultural Cartola.
Durante as apresentações na avenida, durante o carnaval, o ritmo que hoje reconhecemos como Samba do Rio de Janeiro é, na verdade, uma de suas matrizes, a saber, o samba-enredo, com suas inúmeras variações: samba, samba-chula, samba raiado, samba-choro, samba-canção, samba de breque, de terreiro, de quadra, dentre outros.
Em 1917, Donga registra na Biblioteca Nacional, em seu nome e no do jornalista Mauro de Almeida o primeiro samba do Rio de Janeiro. Mas, de acordo com Herom Vargas, professor da Universidade Metodista, o samba foi composto coletivamente no quintal da casa de Tia Ciata.
Hoje, o samba representa uma verdadeira indústria. No último ano, somente no Rio de Janeiro, movimentou R$ 4,5 bilhões de reais. Prestes Filho (2009), aponta o que chama de macroelos, de direitos autorais e direitos de personalidades. De acordo com o autor, e baseando-se na Cadeia Produtiva da Música, “em todas as etapas do processo produtivo, os direitos imateriais definem à estabilidade das relações estabelecidas entre os agentes econômicos”.
Entretanto, em que pese a importância sócio-histórico-cultural e econômica, pairam algumas indagações sobre o risco de perda da tradição africana, bem como uma má distribuição dos lucros auferidos[1], o que tem levado algumas empresas a investir em blocos de carnaval que valorizam a cultura e exibam componentes negros[2]. “O samba, mais do que apenas uma celebração, é um testemunho vivo da importância da cultura negra na construção da identidade nacional”, diz a diretora de Diversidade da ABAPI, Renata Shaw. “Ao reconhecer e celebrar as raízes afrodescendentes do carnaval, fortalecemos a inclusão e promovemos a diversidade, garantindo que essa rica herança cultural seja preservada e apreciada por gerações futuras”.
Fonte: Casa da Tia Ciata https://www.tiaciata.org.br/tia-ciata/biografia
Bibliografia Acessada:
- PRESTES FILHO, Luiz Carlos. Cadeia produtiva da economia do carnaval. Editora E-papers, 2009.
- Humberto Cunha Filho, Francisco; Mont’Alverne Barreto Lima, Martonio. Cultura e democracia na Constituição Federal de 1988: representação de interesses e sua aplicação ao Programa Nacional de Apoio à Cultura. 2004. Tese (Doutorado). Programa de Pós-Graduação em Direito, Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2004.
- IPHAN Dossiê das Matrizes do Samba no Rio de Janeiro partido-alto samba de terreiro samba-enredo. Instituto Patrimônio Histórico Artístico Nacional. Rio de Janeiro. 2007.
[1] https://mareonline.com.br/um-carnaval-embranquecido/ https://vogue.globo.com/gente/noticia/2023/02/carnaval-carioca-embranqueceu-opiniao.ghtml
[2]https://mundonegro.inf.br/onde-estao-os-negros-no-carnaval-mercado-livre-e-feira-preta-se-juntam-em-acao-inedita-para-valorizar-os-afroblocos-e-fomentar-o-afroempreendedorismo%EF%BF%BC/