As redes sociais e os programas voltados especificamente para as mulheres são instrumentos de primeira hora para promover a inclusão e a diversidade no ambiente da Propriedade Intelectual, apontaram, nesta quarta-feira, 27, Maria Beatriz Dellore, conselheira para o Mercosul do escritório americano de marcas e patentes (USPTO), e Rafaela Guerrante, pesquisadora do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). Elas palestraram, sob a mediação da diretora de Diversidades da ABAPI, Renata Shaw, no webinar “Voz, gênero e Propriedade Intelectual na visão das mulheres”. “A diversidade é fundamental para a ABAPI, pois enriquece o ambiente profissional”, disse, ao abrir o evento, o Presidente da ABAPI, Gabriel Di Blasi. E complementou: “As mulheres inspiram e moldam o futuro da nossa comunidade de PI”.
Guerrante, em sua apresentação, mostrou a importância das redes de apoio a mulheres, como a IP Female, criada em 2019 para troca de informações no mercado de PI. Quando ingressou na rede, há dois anos, explicou, havia 50 integrantes e hoje, depois da realização de dois seminários internacionais, já são mais de 520 mulheres participantes. “Nós, mulheres, devemos buscar as redes para apoio, contribuição, troca de informação e discussão das nossas questões”, disse Guerrante.
A pesquisadora do INPI também participa do Comitê Estratégico de Gênero, Diversidade e Inclusão (CEGDI) da autarquia. Criado em 2022, o Comitê, por meio do Governo Federal, realizou diversos programas de mentorias para mulheres, como o “Elas Exportam” e “Empreendedoras Tech”. No ano passado, em conjunto com a Academia do INPI, produziu um estudo sobre aspectos técnicos de gênero no uso do sistema de propriedade intelectual no Brasil. Este mês, com nova composição, o CEDGI está retomando suas atividades e tem planos para realizar novas mentorias com mulheres, seminários em parceria com a OMPI (Organização Mundial da Propriedade Intelectual) e outros eventos, incluindo questões de raça e comunidade LGBTQIA+.
Em sua apresentação, Dellore defendeu uma maior aproximação dos países da nossa região com os EUA “para criar um sistema que faça mais sentido” e funcione como “motor de inclusão e desenvolvimento”. Neste contexto, ela mostrou os programas do USPTO abrigados na plataforma Council Inclusive Innovation. Constam, entre eles, o Pro Bono Expansion, voltado exclusivamente para mulheres; o Innovation Internship, dirigido aos menos favorecidos e com vistas a dar oportunidades de carreira no mundo da PI; e o Future Innovatiors, que atinge as populações com baixa representação no universo da PI, incluindo as questões de gênero e raça.
A representante do USPTO mostrou que, desde 2020, as mulheres representam o gênero com maior crescimento global no mundo da PI. No entanto, comparativamente aos homens, elas ainda são “menos propensas” a obter financiamento e proteção de PI. As mulheres, acrescentou, também estão sub representadas no mundo dos negócios: nos EUA, como titulares das empresas, são apenas 37%; e na participação majoritária das organizações representam apenas 21%.
Dellore destacou a importância da “interlocução política” em favor das mulheres. E, neste sentido, citou a carta anual do USPTO em celebração ao Dia Internacional da Mulher, da qual, fez questão de ressaltar, a ABAPI e o INPI, são signatários.
O webinar foi o primeiro evento da Diretoria de Diversidades da ABAPI, a qual visa sempre conciliar temas de Diversidade com Propriedade Intelectual, conectando-a, sempre que possível, de modo transversal, com os objetivos da Estratégia Nacional de Propriedade Intelectual (ENPI) do Grupo Interministerial de Propriedade Intelectual.