
Robôs-enfermeiros, cadeiras de rodas inteligentes, exoesqueletos ou sensores interligando o cérebro humano ao computador são algumas das invenções que já estão chegando ao mercado de tecnologias disruptivas assistivas e abrindo um manancial de oportunidades apontou, no último dia 04, a pesquisadora do INPI Rafaela Guerrante. “A IA vem propiciando uma série de aplicações que não estarão restritas apenas a pessoas com deficiência, mas a um público mais amplo, fora o fato de que há um envelhecimento da população”, disse ela em webinar sobre “Inteligência Artificial, patentes e inclusão”, promovido pela ABAPI e moderado pela conselheira da Associação, Marla Eduarda Negri.
Rafaela baseou sua apresentação em projeto sobre Inteligência Artificial, e na Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI), em Genebra, na área de patent analytics, onde trabalhou na elaboração da publicação WIPO Technology Trends, sobre Tecnologias Assistivas (TA). Publicado em 2021 o trabalho consistiu em um mapeamento de depósitos de patentes e Desenho Industrial de Tecnologias Assistivas. Muitas das TAs apontadas no estudo já foram ou estão sendo desenvolvidas em universidades chinesas.
Segundo o estudo, mais de 2,5 bilhões de pessoas no mundo precisam de Tecnologias Assistivas, sendo que 16% destas vivem com algum tipo de deficiência, e apenas uma em cada dez tem acesso a TA. Dado significativo, ainda, é o da população com mais de 60 anos: estimada no ano de 2020 em 1 bilhão, está projetada para mais do que dobrar até 2050. O trabalho da WIPO levou em conta, para pessoas com deficiência, sete domínios funcionais: mobilidade, cognição, comunicação, audição, ambiente, autocuidado e visão.
O Brasil é apontado como um mercado emergente para as TAs, o que abriria oportunidade para licenciamentos e ecossistemas de criação. Além de sensível crescimento nos depósitos de patentes de TAs estrangeiros, o estudo registrou 324 famílias de pedidos de patentes de TAs emergentes depositados no Brasil, a maioria de inventores independentes,
No mundo, o Technology Trends contabilizou 117.209 documentos de patentes de TA convencionais e 15.592 TA emergentes, estas, por sinal, com um crescimento da ordem de 17% anual. São as grandes corporações de países como China, EUA, Europa, Japão e Coreia que patenteiam, em sua maioria, mas nota-se um crescimento significativo de inventores independentes no setor. Entre as tecnologias habilitadoras, com a liderança daquelas voltadas para a mobilidade, destacaram-se aplicações de IA, a interface cérebro-computador, a conectividade entre dispositivos assistivos e o ambiente e os sensores avançados para conectar o usuário ao ambiente.


