Houve avanços na inclusão LGBTQIAPN+ e diversidade no mercado de trabalho – e aceitação na sociedade – , mas a exclusão ainda é um fato, conforme apontaram, nesta quinta-feira, 27, os participantes do webinar “Ciclo de Exclusão e Inclusão: uma conversa a partir de conceitos e estudos”. Promovido pela ABAPI, o evento reuniu a diretora de Diversidade da ABAPI, Renata Shaw, o ex-presidente da Associação, Alvaro Loureiro, a executiva de RH, Cláudia Aguiar, e a advogada Beatriz Dornelas, membra da Coordenadoria de Diversidade da OAB-RJ.
A exclusão, mostrou Renata Shaw, é um ciclo que pode começar na família, passar pela educação, trabalho, saúde e política até culminar na violência. No oposto, o da inclusão, a pessoa, ganha recursos para formar sua família, prosperar profissionalmente, ter acesso à saúde e aos direitos políticos. “Existe ainda um hiato no mercado de trabalho na contratação de pessoas LGBTQIA+, disse a diretora da ABAPI. “E para vencer a resistência dos gestores é preciso negociar”.
Como avanços em direção à diversidade na área de PI, Renata Shaw citou o trabalho desenvolvido pelo IP Out, um grupo de network em Propriedade Intelectual do Reino Unido para pessoas LGBTQIAPN+.
Loureiro, do alto de seus 30 anos de profissão, concorda que a aceitação da diversidade nas organizações mudou – e para melhor, mas isso, segundo ele, ocorreu, sobretudo, por exigência dos clientes. ‘Não foram poucas as vezes que vi o cliente pedir mais diversidade no atendimento”, confirmou. Segundo ele, na área de PI, com o passar dos anos, embora ainda exista, a discriminação foi reduzindo. Ele cita como exemplo a Glinta, um evento LGBTQI+ realizado dentro do encontro anual da INTA (International Trademark Association). “Com o tempo virou moda ser convidado para a Glinta, evento que, inclusive, é patrocinado pelos escritórios de PI”, disse Loureiro.
A diversidade no meio empresarial, para Cláudia Aguiar, ainda é um obstáculo a ser vencido, mas este papel não é apenas do RH. “É preciso, antes demais nada, envolver os gestores”, disse. Para ela, são pilares para uma política de inclusão e diversidade nas organizações preparar a empresa para uma mudança cultural, transformando a mentalidade das pessoas, e conscientizar as lideranças, entre outras iniciativas.
Para Beatriz Dorneles, a luta pela aceitação do LGBTQIAPN+ no mercado de trabalho exige muito esforço, e é mais difícil no caso das “intersecções”, ou seja, quando o preconceito é cruzado, envolvendo mais de uma identidade. “Há muito chão pela frente na inclusão e as empresas devem apoiar esta causa de proporcionar um ambiente mais acolhedor”, defende. “O meio jurídico é tradicional, a gerência geralmente é branca, machista e repete chavões que reproduzem a cultura da exclusão”. Ou seja, a luta continua.